sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Fundação SOS Mata Atlântica avisa: Rios estão péssimos



Um estudo feito pela Fundação SOS Mata Atlântica constatou que os corpos d’água que pertencem ao bioma da Mata que nomeia a Fundação estão com a saúde bem debilitada. O estudo percorreu rios e córregos de 12 estados e somou 43 corpos de água catalogados. O resultado aponta que desses 43, nenhum está numa qualidade boa ou ótima.
A medição funciona assim: ótimos, bons, regulares, ruins e péssimos. Não tivemos nenhum corpo bom ou ótimo, 25% foram ruins, 5% péssimos e 70%¨no nível regular. Essa análise foi feita utilizando o método IQA e foi aplicada pelo Ministério do Meio Ambiente.
O número, segundo a coordenadora do programa, Malu Ribeiro, foi assustador.
“Queremos despertar nas pessoas este estado de alerta, a necessidade de mudança de comportamento. Encontramos rios cada vez mais comprometidos mesmo em regiões em que imaginávamos boas condições”, afirmou Malu.
Ela também apontou que a solução é a mesma de sempre: maior envolvimento da população local e que devemos acompanhar de perto as ações das autoridades. Se agirmos logo os 70% regulares podem ter chance de se tornar bons e depois ótimos. Mas se nada for feito, esse número pode ajudar a somar a ponta mais negativa.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Dilma muda limite de unidades de conservação para abrigar hidrelétricas


Medida Provisória altera demarcação de três parques nacionais na Amazônia e libera exploração mineral no entorno de dois deles; com a mudança, empreiteiras poderão instalar canteiros de obras das usinas de Tabajara, Santo Antônio e Jirau

16 de agosto de 2011 | 0h 00
Marta Salomon / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Três parques nacionais na Amazônia - do tipo de unidade de conservação (UC) mais protegido no País - tiveram seus limites alterados para abrigar lagos e canteiros de obras das usinas hidrelétricas de Tabajara, Santo Antônio e Jirau, em Rondônia. Medida provisória editada pela presidente Dilma Rousseff e publicada na edição de ontem do Diário Oficial da União também autoriza a exploração mineral no entorno de dois dos parques.
Disputa. Moradores da reserva extrativista Terra Grande Pracaúba, na Ilha de Marajó, teriam sido ameaçados por grileiros - Wilson Pedrosa/AE–9/8/2011
Wilson Pedrosa/AE–9/8/2011
Disputa. Moradores da reserva extrativista Terra Grande Pracaúba, na Ilha de Marajó, teriam sido ameaçados por grileiros
Foram alterados os limites dos Parques Nacionais da Amazônia, Campos Amazônicos e Mapinguari. Duas outras unidades deverão ter os limites alterados em breve para o licenciamento ambiental de quatro hidrelétricas do complexo do Rio Tapajós, que ficarão entre as maiores das novas usinas da Amazônia, ao lado de Belo Monte, Santo Antônio e Jirau.
Os empreendimentos localizados nas unidades de conservação já alteradas eram defendidos pelo Ministério de Minas e Energia, até mesmo a mineração de ouro na área de 10 quilômetros no entorno do Parque Nacional Mapinguari, o maior dos três parques a ter o limite alterado, com 17,5 mil quilômetros quadrados, o equivalente a mais de 11 vezes a área da cidade de São Paulo.
Outro motivo para a alteração dos limites dos parques foi a regularização fundiária de ocupações de terras públicas até o limite de 1,5 mil hectares, além do conflito com áreas de assentamentos para a reforma agrária na região. A floresta remanescente nessas regiões só poderá ser explorada por meio de planos de manejo previamente autorizados.
O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Rômulo Mello, diz que a alteração do limite dos parques nacionais não impõe perdas à proteção da floresta. "Essas mudanças refletem bem a perspectiva de negociação que procuramos. Nossa postura não é travar, é negociar. Garantimos a conservação e permitimos que os empreendimentos sigam adiante", afirmou. "Fazemos o jogo do ganha-ganha", insistiu.
A Hidrelétrica de Tabajara, no município de Machadinho do Oeste, em Rondônia, é uma das obras previstas na segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Sua construção dependia da alteração dos limites do Parque Nacional Campos Amazônicos, criado em 2006. A previsão é que a hidrelétrica produza 350 megawatts (MW).
Lobby. A inclusão da Hidrelétrica de Tabajara no PAC teve forte lobby do presidente interino do PMDB, senador Valdir Raupp (RO). Para o projeto seguir adiante, faltava tirar do caminho da obra as restrições impostas às unidades de conservação. O Parque Nacional Campos Amazônicos perdeu ao todo, por meio da MP, 340 quilômetros quadrados e ganhou outros 1,5 mil quilômetros quadrados.
No caso do Parque Nacional Mapinguari, o ajuste ocorreu por conta da revisão do alcance do canteiro de obras e dos lagos das Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira. A perda de 70 quilômetros quadrados teria sido compensada com um acréscimo feito anteriormente em permuta com o Estado de Rondônia. O Parque Nacional da Amazônia perdeu agora 280 quilômetros quadrados, supostamente compensado, com folga, por acréscimo anterior a pouco mais de 1 mil quilômetros quadrados.
PARA LEMBRAR
O Estado revelou anteontem que as Unidades de Conservação (UCs) se tornaram o mais recente objeto de disputa entre ambientalistas e defensores do agronegócio. Na semana passada, durante audiência pública na Câmara, o deputado Moreira Mendes (PPS-RO), presidente da frente parlamentar da agropecuária, anunciou uma "grande campanha" para impedir que novas UCs sejam criadas sem a prévia autorização do Congresso Nacional. Hoje, a criação é feita por meio de decreto presidencial. Os ruralistas afirmam que a expansão dessas unidades pode comprometer a produção de alimentos no País. 

Debate na Conferência da ONU terá ênfase no custo das energias renováveis

Chefes de 193 Estados participarão do encontro, em junho, no Rio de Janeiro
19 de agosto de 2011 | 0h 00
O Estado de São Paulo
O debate sobre a redução de custos das fontes de energia renovável terá destaque na Rio+20, conferência da ONU para o desenvolvimento sustentável que será realizada no Brasil em junho de 2012. Segundo o coordenador executivo do evento, Brice Lalonde, a produção de equipamentos mais baratos, como células de captação solar, deve ter mais importância que as negociações referentes a cortes na emissão de gases causadores de efeito estufa.
"Acredito que vamos nos concentrar no aumento das fontes de energia renovável", avaliou Lalonde, em visita ao Brasil. "São duas maneiras de atingir o mesmo resultado, mas com um foco mais otimista."
Os organizadores da cúpula acreditam que a transferência de tecnologia e investimentos internacionais podem facilitar a difusão de energias limpas alternativas, permitindo sua adoção por um número maior de países.
"Precisamos de uma grande coalizão para reduzir o preço da energia renovável", afirmou o coordenador executivo da conferência. "A maior parte das pessoas acredita que a energia solar apresenta a maior promessa de redução de custos, mas apenas se tivermos incentivos para a criação de um mercado forte." 

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Apagando as pegadas

Qual a participação de cada um no aquecimento global? Em tempos de mudança climática, calcular a emissão de gases do efeito estufa – a chamada pegada ecológica – de uma pessoa ou empresa virou um exercício de apelo irresistível. O passo seguinte é saber como compensar o estrago. Uma das formas, segundo especialistas, é o plantio de árvores. Várias empresas se dedicam a calcular a emissão e instruir o cliente a neutralizá-la. A pedido do Planeta, o executivo Eli Coslovski, de 34 anos, solteiro, morador de São Paulo, calculou sua pegada. Saiba como ele chegou ao resultado e o que deve fazer para compensá-la.
Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
O executivo Eli Coslovsky, 34, calculou suas emissões
1 A calculadora
O primeiro passo é encontrar um meio de calcular a pegada de carbono que use fatores de emissão confiáveis e reconhecidos internacionalmente. O Planeta optou pela calculadora da Keyassociados, que utiliza fatores de instituições como o IPCC, painel da ONU sobre mudança climática, e o GHG, protocolo mundial sobre gases do efeito estufa. A Key, porém, leva em conta fatores locais, como a matriz brasileira de energia elétrica, mais limpa do que a americana e a europeia.

2 O cálculo
Para saber quanto você emite, são computados uso de energia elétrica, gás natural ou de botijão, gasolina, diesel, álcool, GNV, viagens de avião e destinação do lixo. Voos costumam pesar muito no cálculo, seguidos pelo uso de combustível fóssil.

3 Os números
Coslovski dirige todo dia do Alto de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, até o trabalho, no Itaim, zona sul. Roda cerca de 800 quilômetros por ano num carro movido a gasolina. Viaja de avião em média seis vezes ao ano, pelo País e exterior. Gasta 16 metros cúbicos de gás e 140 quilowatts de energia por mês.

O resultado
Coslovski emite 10,7 toneladas de carbono por ano. Para compensar isso, foi recomendado o plantio de 43 árvores.

Compensando
Com o resultado em mãos, o executivo deve procurar uma instituição apta a realizar o plantio nos padrões exigidos para a neutralização, com monitoramento e manutenção da mudas. A SOS Mata Atlântica vem fazendo esse trabalho desde 2004, em um projeto chamado Florestas do Futuro. A ONG planta espécies nativas do bioma em cinco Estados brasileiros.

O plantio
Primeiro a ONG faz uma prospecção da área que receberá as mudas. A melhor época para plantar são os meses de agosto a março. No caso de pessoas físicas, a entidade espera a entrada de vários projetos, para ter volume. Depois, é hora de selecionar espécies para o plantio. A SOS trabalha com 35 viveiros e cada muda plantada sai por R$ 12.

A manutenção
As mudas devem ser adubadas para crescer. A manutenção é feita por dois anos, período em que a planta se desenvolve. Depois, a SOS ainda monitora a árvore por três anos. Segundo a Key, a muda capta mais CO2 enquanto cresce. Em 20 anos, espécies como as usadas pela ONG sequestram, em média, 249,6 quilos de carbono cada uma. Ou seja: o cálculo de emissões é anual, mas a compensação pode levar 20 anos. Que tal começar já?